To my parents

A terceira carta diz para eu escrever aos meus pais... essa será a carta mais difícil de escrever, e a que eu mais ansiava por escrever...sem maiores explicações vamos a ela...

To mommy and Daddy

I'm tired of being what you want me to be.
Feeling so faithless, lost under the surface.
I don't know what you're expecting of me.

(...)
Every step that I take is another mistake to you

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I'm standing on a bridge

I'm waiting in the dark
I thought that you'd be here by now
There's nothing but the rain
No footsteps on the ground
I'm listening but there's no sound

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She wants to go home, but nobody's home
That's where she lies, broken inside
With no place to go, no place to go
To dry her eyes, broken inside

 

Faz tempo que eu não escrevo pra vocês não é mesmo, quando eu era criança vivia fazendo cartinhas e deixando nos lugares mais inusitados...agora eu não vejo mais graça em fazê-lo, e não é porque eu cresci ou porque eu deixei de amar vocês, mas é que eu acho que vocês não gostam muito delas, se gostassem não jogariam fora...sabe, isso me magoa muito, elas eram minhas demosntrações de carinho e eu gostava tanto de fazê-las, queria que vocês gostassem de recebê-las...vocês reclamam agora que eu não converso nada, que eu não falo com vocês, mas eu tentei sabe, eu tentei tanto, vocês podem não lembrar, mas eu lembro de cada momento que eu quis falar e vocês não quiseram ouvir, cada momento que eu falei e descobri depois que vocês não ouviram, vocês me conhecem tão pouco...moram na mesma casa que eu desde que eu nasci e sabem tão pouco de mim, mas eu tentei mostrar, eu tentei falar, mas não foi interessante...

E vocês acham que eu me isolei porque eu quis? Acham que eu não converso porque não gosto de vocês? Muito pelo contrário, vocês também caberiam na carta "alguém com quem eu queria falar, mas tenho medo"...

Porque eu realmente tenho medo, tenho medo das críticas que vocês vão fazer sobre mim...(lembram-se do dia que eu escrevi a letra do pato patinho e vocês riram, vocês RIRAM e falaram que a música era IDIOTA! Eu tinha OITO anos!) e graças a isso eu passei tanto tempo da minha vida sem querer escrever música nenhuma...eu escrevo músicas agora, mas vocês nem sabem porque eu tenho medo do que vocês vão dizer...vocês reclamam de que eu não conto nada do trabalho, mas logo quendo eu entrei na sabesp, meu PRIMEIRO emprego, e eu queria falar tanto sobre ele com vocês, vocês me escutavam? Vocês não se lembrar, mas só sabiam repetir: Ah, você só sabe falar disso Jéssica? Não tem outro assunto não?

Era meu PRIMEIRO emprego, era lá que eu passava metade do dia, eu realmente não tinha outro assunto, seja lá qual fosse, ou como se vocês fossem se interessar pelo que tava acontecendo na vida da Britney Spears ou pela música nova do Alex Band ou pelo último livro que eu tinha lido da Ágatha Christie...eu tentei, eu realmente tentei, mas vocês não queriam saber, vocês só sabiam falar o que tava errado em tudo que eu gostava. O Harry Potter tinha defeitos, a MTV tinha defeitos, a Pastoral do Adolescente tinha defeitos, eu sou cheia de defeitos...

Eu sempre ouvi dizer que seus pais te amam do jeito que você é, te aceitam do jeito que você é, mas eu não acredito nisso, vocês não aceitam minha bagunça, não gostam da minha voz, do meu jeito, dizem que as minhas roupas são estranhas e, ainda por cima, não confiam em mim! E eu queria saber o motivo de não confiar em mim! Como se eu fosse alguma dessas garotas que passam a noite toda na rua em baladas e saem com qualquer cara! Como se eu chegasse em casa bêbada no meio da madrugada! Eu não faço nada de errado, eu saio de casa pra ir em lugares que crianças frequentam, CRIANÇAS! Eu sou chamada de infantil! INFANTIL! E vocês desconfiam que eu esteja fazendo o que? Eu queria saber! Ou melhor, não, eu não quero nem saber pra não me magoar mais!

O pior é que mesmo com tudo isso que passou eu não aprendi, EU AINDA ACREDITO EM VOCÊS! Qualquer um iria olhar na minha cara e falar: Ô idiota, desiste! Mas eu não desisti, vocês nem percebem, mas o que eu quero é que vocês me amem, que falem isso uma vez, uma vez! O que custa? Me abracem quando eu chego em casa, mostrem pra mim que eu valho mais que a televisão, aquela maldita televisão, vocês reclamam que eu fico o tempo todo no computador, mas se eu cair e ao mesmo tempo alguém cair na novela é capaz de ninguém me socorrer, porque a mulher da novela é bem mais interessante...

mas eu ainda assim peço pra você arrumar minha comida mãe, mesmo que você não arrume todo o dia e fique reclamando o tempo todo, eu quero sentir esse carinho seu...

E eu ainda assim peço pra você aceitar meu vegetarianismo pai, você fica repetindo o quando isso é besteira e tem o disparate de me oferecer animais mortos só pra eu perder o apetite, mas eu queria tanto que você entendesse...

Eu queria poder dizer pra vocês que eu quero me tornar veggan, eu queria falar pra vocês pararem de brigar com meu cachorro, porque eu não aceito que tratem animais desse jeito...

E eu espero que vocês gostem de mim, todo dia eu espero que vocês digam que se orgulham de mim, que queiram, sinceramente, saber da minha vida, não pra falar pra família inteira, mas porque sou eu e vocês se importam. Eu queria que vocês me abrassassem quando eu chego em casa e perguntassem alguma coisa além do simples tudo bem que eu vou sempre responder com sim, mesmo que eu esteja morrendo por dentro...

Eu tenho essa esperança, mas tem dias que eu não tenho mais, daí o que me alegra é que um dia eu vou fazer as malas, sair da casa de vocês, deixa-los em paz, à vontade, sem a minha insuportável presença...e nesse dia eu talvez não queira mais saber se vocês vão sentir saudades, porque, talvez, eu não vá me importar mais...

'cause my papa always told me the way it was,
And my mama think she knows me, I know she doesn't

(...)

I'll fly away tomorrow, won't even warn ya
And I'll send a big postcard, just to piss you off

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Não basta
Um presente
Quando não é sincero
Não basta
Se o que ele
Necessita é de afeto